A tecnologia de impressão 3D promete revolucionar diversas indústrias, sendo que a construção não é exceção nesse panorama. Esta técnica de impressão, que envolve a construção de estruturas camada por camada a partir da extrusão de filamentos de materiais como materiais cimentícios e biocompostos, traz importantes inovações ao nível da eficiência, rapidez e sustentabilidade no processo construtivo.
por Rafael Vieira
Vista geral noturna e processo de impressão com a impressora Crane WASP da casa Tecla 3D. Imagem © WASP + MCA
MC A (Mario Cucinella Architects) e os WASP (World’s Advanced Saving Project), respetivamente arquitetos e pioneiros da impressão tridimensional, com recurso a uma impressora 3D, a Crane WASP, imprimiram várias construções, como as casas Tecla e Gaia e o Forest Campus, servindo-se inteiramente de materiais reutilizados e de barro recolhido localmente, na lógica da economia circular e do desperdício zero.
Interiores da Tecla 3D, casa impressa e desenhada por WASP + MCA. Imagem © WASP
Forest Campus, impresso por WASP. Imagem © Iwan Baan
Casa Gaia, impressa utilizando materiais reutilizados com a Crane WASP. Imagem © WASP
A impressão 3D é mais eficiente no uso de materiais, porque usa apenas o necessário para a impressão de cada camada, com menor desperdício de materiais e produzindo menos resíduos, ao contrário da construção tradicional, onde o corte de materiais gera grande quantidade de matéria residual. Ao minimizar o desperdício, reduz o impacto ambiental associado à extração, e ao transporte e eliminação de resíduos. Além de minimizar o desperdício de materiais, a impressão pode usar compostos de base biológica ou recicláveis, contribuindo para a redução da pegada de carbono no sector de construção, podendo também otimizar a eficiência energética, ao permitir integrar soluções passivas de aquecimento e ventilação. A impressão tridimensional leva a uma redução muito significativa nos tempos de construção, já que que projetos que levariam muitos meses a serem concluídos podem ser finalizados em poucas semanas, ou até em dias, dependendo da escala e complexidade da edificação. Esta eficiência apresenta a tecnologia como uma possibilidade rápida e acessível para contextos de desastres naturais, ambientais ou cenários bélicos. A impressão 3D permite uma maior liberdade na criação de projectos arquitetónicos mais ousados, permitindo formas complexas e curvas que seriam dispendiosas de executar pelos métodos tradicionais. A personalização da solução arquitetónica torna-se mais acessível, sendo que os edifícios impressos podem ser facilmente adaptados às necessidades e preferências individuais, permitindo projetos mais individualizados e integrados na envolvente. Em resumo, como a sustentabilidade é cada vez mais uma prioridade, as tecnologias de impressão tridimensionais apresentam soluções inovadoras e viáveis para construir de forma mais rápida, económica e ecológica.
Casa Tecla 3D desenhada por WASP + MCA, vista noturna. Imagem © WASP
Em Portugal, esta tecnologia está numa fase ainda seminal, com algumas empresas e universidades a explorar o seu potencial construtivo, como a Universidade do Minho (que estabeleceu uma joint venture com a empresa ESI Robotics, para desenvolver a tecnologia e a sua aplicabilidade na construção) ou o Centro Tecnológico de Cerâmica e do Vidro (CTCV), em Coimbra, que já imprime em pedra e cerâmica. Também a Havelar, empresa de Vila do Conde, imprimiu a sua primeira casa 3D em 18 horas, perspetivando as enormes possibilidades desta impressão revolucionária.
Vista geral da casa impressa pela empresa portuguesa Havelar. Imagem © Havelar